quarta-feira, 10 de junho de 2009

(Tom Jones - Henry Fielding) "...Os homens verdadeiramente sábios e bons contentam-se em aceitar as pessoas como elas são, sem se queixarem de suas imperfeições e sem tentarem corrigí-las. São capazes de ver uma falta num amigo, parente ou conhecido, sem mencioná-la nem sequer ao faltoso ou a quem quer que seja; e isso muitas vezes, sem dano para a sua afeição. De fato, a menos que um grande discernimento se alie a essa disposição de não fazer caso, nunca deveríamos formar uma amizade senão com uma espécie de parvoíce que podemos iludir; pois espero que os meus amigos me perdoem quando declaro que não conheço nenhum sem defeito; e me entristeceria imaginar que algum deles não visse os meus. Damos e exigimos essa espécie de perdão. É um exercício de amizade que não será, talvez, o menos agradável. E esse perdão havemos de dispensá-lo sem exigir emendas. Não há porventura indício mais seguro de sandice do que o desejo de corrigir os defeitos daqueles que amamos. A mais bela composição da natureza humana, assim como a porcelana mais delicada, pode ter um senão; e receio que este, em qualquer dos casos, seja igualmente incurável; embora conserve o modelo o seu mais alto valor."

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